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Quem realmente lucra no setor elétrico com os reservatórios cheios?
A velocidade com que o setor de energia brasileiro tem se transformado nos últimos anos é notável. A adoção de novas tecnologias impulsionou significativamente o crescimento de fontes renováveis no país. Isso deu ao consumidor o poder de gerar a sua própria energia. Apesar das mudanças, e de vivermos em um novo cenário, as regras do setor elétrico ainda apresentam comportamentos antigos. E isso parece não acompanhar a rápida evolução tecnológica.
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Em 2014, o parque gerador do país era composto por 125 GW de capacidade instalada. Sendo que usinas hidráulicas e térmicas representavam 96% dessa capacidade, fazendo com que o sistema caracteriza-se como “hidro-térmico”. Na época, a geração hidráulica tinha 3 vezes a capacidade das térmicas. Por esse motivo, a precificação da energia era absolutamente dependente de água nos reservatórios. Já que, quanto mais água no reservatório, maior era a oferta de geração, implicando em uma redução significativa nos preços, pois “o custo da água” é zero.
Dez anos se passaram e o cenário de geração no país mudou significativamente. As fontes eólicas e solar já correspondem a um terço de toda a capacidade instalada no país. Se olharmos em um horizonte próximo de 5 anos, elas já se aproximarão há pouco menos da metade de toda a capacidade instalada no sistema. Diversos benefícios estão conectados a essa mudança de matriz energética, como a descarbonização (menos térmicas acionadas) e menos dependência hidráulica. Sendo elas fundamentais para uma época cheia de desafios ambientais motivados pelas mudanças climáticas.
Do ponto de vista de tamanho do parque gerador, em 10 anos houve um aumento de 73% da capacidade instalada, e nos próximos 5 anos há uma expectativa de aumento de mais 23%. Em contrapartida, o consumo do Brasil não aumentou na mesma velocidade, motivado principalmente por uma frustração industrial e do PIB. No mesmo período o consumo aumentou apenas 21% (frente à 73% de aumento da geração), e nos cenários mais otimistas irá aumentar 18% nos próximos anos.
Com esses números, fica evidente que há um cenário de sobre oferta energética no país, e que esse deve ganhar ainda mais notoriedade nos próximos anos. O que é de causar surpresa é que, apesar da matriz energética ter mudado vertiginosamente nos últimos anos, além de passarmos a observar cenários de sobre oferta cada vez mais evidentes, os preços de energia continuam sendo muito sensíveis aos níveis de reservatórios e a expectativa de chuva.
É claro que a geração hidráulica ainda tem um papel fundamental no país. Já que além de representar metade da capacidade instalada, é uma fonte que tem mais previsibilidade. Sendo possível estocar água nos reservatórios e usar nos momentos mais interessantes (o mesmo não acontece com solar e eólica, e por isso do nome “intermitentes”). O que chama atenção é que se olharmos um cenário em que os reservatórios estão em patamares altos e que há uma sobre oferta eminente para os próximos ciclos, como pode o preço de energia ficar tão instável e subir exponencialmente pelo simples fato das expectativas de chuva para os próximos meses não serem tão favoráveis?
Será que de fato isso é um problema de oferta, e que naturalmente seria refletido na precificação da energia? Ou será apenas um mecanismo para gerar flutuações de preço no mercado e trazer mais lucros a geradores e “traders”?
Claro que esse evento só acontece pois a precificação da energia é baseada em um modelo de custo de energia, em que um modelo matemático (que para muitos especialistas está defasado) precifica o custo da geração futura e naturalmente há uma reação do mercado quanto à esses cálculos. Uma série de estudos já foram e estão sendo realizados para mudar o formato de precificação de energia, para o chamado “preço por oferta”, em um processo similar ao da “Lei da oferta e da procura”, porém, como dito no início desse texto, a tecnologia e mudança de matriz aconteceram mais rápidos do que a decisão de uma precificação mais adequada à realidade. E quem paga por isso? O consumidor, como sempre!
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